quarta-feira, outubro 19, 2005

 

Morte!

Já tá bem tarde e eu ainda estou no trampo Acabei de terminar tudo e vou embora. Chega de IBMar por hoje, chega de billar por hoje. Mas antes de ir, vou postar o texto da insônia de ontem... ehehehe! Aviso aos navegantes: DEVERAS MÓRBIDO!


Comecei a tomar consciência da vida quando descobri o que era a morte. Isso teve inicio numa bela tarde em que meu pai doutrinava sou encapetadissíma filha de 6 anos (eu) a ouvir Beatles, apreciar Beatles, amar Beatles. Pai, quero ir no show deles. Não dá. Por que? Por que o John Lennon morreu? Quem é o John Lennon? O vocalista, o cara que canta. Do que ele morreu? Ele levou um tiro de um fan. O que é um fan? É uma pessoa que gosta muito de outra? Então você é meu fan? De certa forma... Pai. Oi. O que é morrer?
Um tempo depois, já mais velha, com menos perguntas a fazer e mais arrogância pra esbanjar, vi a morte se aproximar cada vez mais. Meus passarinhos, Gil e Caetano (devorados por um gato), a Renata (de Lupus, alguém conhece essa doença?!?!?!), o Gu (de AIDS), o Babão (queda do enésimo andar do prédio), vô Gê (câncer), Carlão (meu tio e padrinho), os pais de tantos amigos (da May, da Bel, da Lili, do Presuntinho, do Érik e do Bruno, do Gordo, do Jundi...), o Caio (que virou são Caio da balada), vários parentes velhos, a Marina (minha vizinha com apenas 14 anos e do nada!), Machado de Assis, Policarpo Quaresma, Bras Cubas, Doryan Gray, Fred Mercury (preciso dizer?), Cazuza (idém), meu pai (retocolite ulcerativa, agora fale isso bem rápido 5 vezes). Descobri mortos que ainda achava vivos, Janis, Jim, Jimmy, Elvis, Marilyn, ... até o Paul (Sr Maca, amém!) estava morto!
Cercada de morte por todos os lados, sem rumo religioso, tentei me imaginar 5 segundos antes de morrer. PÂNICO. Pra onde eu vou? Se é que eu vou? Mais alguém vai estar lá? E se tudo acabar? AHHHHHHH. Que medo! Decidi que não ia mais pensar nisso, até hoje não me permito passar nem às bordas desse pensamento, pois o vazio que se instaura em mim me faz muito mal. Pra fugir do vazio criei um subterfúgio freudiano simples: humor negro, sarcasmo, morbidez.
Com toda essa questão do Elvis (Deus o tenha!) falei muito de morte com muita gente. Revi conceitos, refleti coisas profundas, refleti coisas inúteis, falei, falei, falei. Nessa falação toda ainda recordei que até na minha vida amorosa a morte tá com tudo. Meu primeiro namorado sério (tradução: com sexo) me traiu, cerca de 1 mês depois ela (a outra)... tchanãn: mórreu! Acidente de carro coitada. Fiquei em crise total, me achei culpada. Péssimo demais. Meu atual namoro passou do estágio mino e mina pro estágio namorado e namorada, em boa parte, pela proximidade que a morte de uma amiga do Ô gerou na gente.
Quando olho todo esse belo cenário ao meu redor tenho uma certeza: vou fazer tudo o que me der vontade por que a vida é muito efêmera pra eu ficar assistindo ela passando enquanto me preocupo com picuinhas*. Não me importo com o que pensem, com o que falem, vou ser feliz, curtir. Quando acabar e eu estiver lá nos 5 segundos finais vou ter certeza que se estou morrendo mesmo, por que pra se morrer é preciso primeiramente estar vivo em toda a plenitude da palavra.


*Mari, isso tem acento por ser ditongo/hiato aberto/fechado?


This page is powered by Blogger. Isn't yours?