sexta-feira, janeiro 06, 2006

 

Minha Mente Deturpada de Férias

A cabeça doendo, quase explodindo. É como se cada veia do seu cérebro quisesse se fazer notar, pungente, latejando, quase que gemendo e suplicando por socorro. A luz entrando pela fresta da janela, o sol escaldante batendo na sua cara como um cafetão. Você abre os olhos, doloridos, sensíveis. Após alguns minutos recobra lentamente a visão.
O gosto de Vodka ainda na boca, o cheiro de cigarro, sexo e desinfetante barato no ar. Olha ao redor: uma espelunca em tons de vermelhos do que um dia foi uma réplica do Moulin Rouge e hoje é apenas mais uns dos duzentos pulgueiros da cidade, deitada na cama ao seu lado uma moça versada nas artes do amor profano dorme pesadamente, quase em overdose. Senta na cama e sob seus pés sente alguma coisa, dois corpos nus, “uma homem” e uma mulher, tão rampeiros quanto a outra.
Você não faz idéia de onde esteja nem tão pouco quem sejam essas pessoas e como você veio parar aqui. O que aconteceu ontem à noite? Onde eu estou? Tentando não pensar em nada você veste suas roupas e sai de fininho.
Ao sair no corredor sentada a sua frente está ela linda, perfeita, intocável, chorando. O amor de sua vida te olha com semblante de nojo e desprezo. Estava apenas esperando você sair, queria comprovar com os próprios olhos o que não queria acreditar ser verdade. Tudo que tem forças para dizer é um adeus jogado a queima roupa antes de sair correndo corredor abaixo. Você ainda tenta desesperadamente gritar seu nome, correr atrás dela, fazer alguma coisa. Mas a droga, o álcool e o cigarro impedem seus músculos s cordas vocais de trabalhar. Sua ultima imagem dela seria de suas lágrimas escorrendo pelo decote vista toscamente pela fresta da porta do elevador.
Depois de se beliscar e piscar várias vezes, como uma criança tola que deseja estar sonhando, lentamente você recobra a força sobre humana de dar cada passo e tenta se dirigir para bem longe dali para então pensar nesse turbilhão todo.
Mas enquanto espera o elevador subir um homem te para pergunta como foi à noite de ontem com as suas “primas”. Sem saber o que dizer você balbucia as primeiras coisas que vêm a sua mente entorpecida porém ainda capaz de saber que esse papinho furando está cheio de segundas intenções, que não demoram muito pra aparecer afinal o homem lhe pedem para lhe acompanhar pois você precisa pagar a contam do quarto, das moças e da bebida.
Tento estourado o limite de 5 cartões de crédito e deixado 3 cheques voadores para pagar a conta você finalmente alcança a rua e vê um táxi. Você corre pra ele em câmera lenta mas uma mulher chega antes de você que cai no chão estourando o nariz na pedra da calçada.
Uma mulher linda e elegante com cara e asas de anjo te ajuda a levantar, te leva para a praça em frente, senta você em um banco e começa a limpar o sangue. E quando você pensa que finalmente o seu dia ia começar a dar sinais de vida e saca o revólver da bolsa e leva tudo o que te sobrou, incluindo os 5 cartões sem limite.
Tentando não se deixar levar pelo pânico você senta e chora feito uma criança no banco de uma praça deserta e sombria ouvindo ao longe o barulho estridente do carro de som tocando a regravação do Só Pra Contrariar da versão do Babado Novo de uma música do Dylan. Aquilo era demais. Você olha para o céu e grita, grita, grita, se perguntado que merda foi que você jogou na cruz em uma de suas vidas passadas.
Imbuído de um ódio mortal você levanta, seca as lágrimas e vai para o ponto de ônibus. E ali você fica por mais de duas horas até que o primeiro resolva passar. Calmamente você dá sinal, entra sobe a escada, entra e pula a catraca. Quando já estava indo se sentar você sente as rápidas e irritantes batidinhas nas costas...

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