terça-feira, novembro 29, 2005

 

Minha mente não é brilhante...

Acabei de ver Uma Mente Brilhante com a Gorda e, só pra variar um pouquinho, morri de chorar no final do filme. Não vou falar muito da história, pode haver alguém lendo que ainda não viu, mas o fato é que bem no finalzinho do filme o John Nash (personagem principal, interpretado pelo Russel Crow, em uma atuação fantástica) está sentado na mesa e todos os professores colocam suas Mont Blanc na frente dele. Segundo o filme é uma tradição em Princetown fazer isso quando um homem (mundo machista) atinge a maior glória profissional de sua vida.
Sempre me perguntei de eu veria esse momento chegando e se quando estivesse nele eu pensaria “é esse” ou se reconhecimento, assim como felicidade, é uma coisa que projetamos no futuro e detectamos no passado sem nunca realmente notar sua presença efetiva. Sempre me perguntei se um dia eu ganharia minhas canetas (pode ser Bic, eu sou humilde).
Existem profissões em que isso se faz muito fácil de detectar, mas a verdade é que eu não vou ganhar o Nobel, ou o Oscar, ou o Grammy, o que em absoluto não anula o fato de que eu terei um momento de ápice. Qual será a sensação desse momento? Será que achando que você já havia vivenciado esse momento você desencana e tempos depois vive outra vez e ai descobre que o primeiro foi um engodo e que você é abençoado por Deus? Será que quando ele passar você vai parar a sua vida sugando todo dia a felicidade daquele momento e deixando de viver os novos? Será que você se achará suficiente depois daquilo?
Só pra variar um pouco te enchi de perguntas que dificilmente virão com respostas prontas, apesar de muitos tentarem, daí a quantidade cada vez mais volumosa de livros nas prateleiras de auto-ajuda.
A maioria dos filmes que vejo me fazem rever muito a minha vida (por isso normalmente não vejo comédias). Gosto quando mesmo por alguma bobagem o filme me faz pensar em algo que não seja humanitário (guerras, armas, saúde, violência... blá...blá...blá) e sim me faz ficar egoísta.
Vou ganhar minhas canetas? Será que vou ter força suficiente pra crescer depois da adversidade? Eu teria ficado com John Nash, como a esposa dele fez? Será que alguém vai comprar todas as minhas cadeiras (Fenômeno)? Será que buscaria as repostas até o fim (Jardineiro Fiel)? Lutaria pelo que mereço ou me acomodaria (Gênio Indomável)? Teria sede de vingança (Sleepers)? Seria capaz de lutar pelos meus direitos com o mundo todo contra mim (Filadélfia)? Vou me prender a conceitos prévios ou mudar (Duelo de Titãns)? Serei a mente a frente que norteará as mudanças (Sociedade dos Poetas Mortos)?
Eu podia passar a noite toda aqui fazendo perguntas sem respostas, dessas que me cegam numa terça-feira chuvosa, que me atormentam diariamente e que me atropelam quando figuradas em filmes. A verdade é que acho que nunca encontrarei as respostas, mas fazer as perguntas é que faz de mim (e de você) alguém melhor, mais forte e mais completo e nõa uma autora de livros de auto-ajuda.

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