terça-feira, janeiro 09, 2007

 

Recém Nascido

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Mal nasceu e já tá dando esse trabalhão todo. Madrugadas em claro nada lactantes afinal... não gestei nada. Deve ter sido isso que faltou. A criação profana, profunda, baseada no amor por algo insólito. *
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Também deve ter faltado um banho de sal grosso com Arruda, definitivamente magoei Iemanjá por desprezar as ondas... que eu tentei substituir por poças, naquele aguaceiro que caía. Vai saber se o Pedro queria apenas purificar com tanta água... Se queria não funcionou.
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O barulho dos fogos para espantar os maus espíritos, o silêncio do ápice para atrair um ano bom, a barriga cheia buscando a fartura. Romã, lentilha com os pés para o alto, porco que cisca pra frente, grãos, castanha, figo, cereja. Não funcionou.
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O simples e irrevogável fato é que nada, NADA mesmo, que eu fizesse poderia ter desviado o curso das história. Não há simpatia para a curar a desilusão, o desgosto, a desgraça, o infortúnio.
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Não há simpatia que faça os cegos verem onde se encontram as verdadeiras víboras. Não há superstição que traga perfil ou perfeição, ou mesmo o perfume do abraço consolador. Não há virada que mude o mundo.
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Mas há o sonho, a lista, a mudança. Há também o amor, a paz, a utopia. E ainda existe a linda música que sai da sua boca quando ela encosta a minha e é só por isso que vale a pena viver.

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