quarta-feira, novembro 02, 2005

 

"Não há lugar como o nosso lar"

Voltar pra casa é algo maravilhoso, mesmo quando você nunca efetivamente deixou a sua casa. Depois de 1 mês morando no quarto da Gorda e mais 1 mês morando no muquifinho no quintal (com pequena pausa de 1 semana na UPA) eu to achando que meu quarto tá lindo mesmo estando virado do avesso.
A volta pra casa é fantástica e vem repleta de pequenos prazeres e mimos Master Card (do tipo não tem preço) como ter que descer para colocar os pés no chão ao sair da cama, poder trocar de roupa no banheiro com o pé no tapetinho, andar descalça sem encher o pé de cimento, poder fazer xixi em um vaso sequinho mesmo que alguém tenha acabado de tomar banho (o minúsculo banheiro de fora não tem Box envolta do chuveiro), poder escovar os dentes olhando no espelho, poder checar a própria cara antes de sair de casa (eu sei que muitas vezes isso é duro e o espelho pode ser uma crítica destrutiva muito forte, mas...).
Tudo isso lá no primeiro degrau da pirâmide do Maslow, se a gente começar o subir o lance pega. Computador, televisão, DVD, CDs, aparelho de som e mais uma infindável gama de inutilidades indispensáveis da vida moderna. Deus, Alá, Buda, Zeus e todos os Santos da Bahia abençoem a minha casa pra que eu nunca mais precise viver sem ela.
Tudo isso me vez atentar pra um fato muito triste, infelizmente milhares de pessoas no mundo vivem do jeito que eu vivi por 2 meses e muitas outras milhares em situação bem pior. Acabo reclamando da vida e desejando mais por ver os casões dos meus amigos móóóito bem de vida e saber da vida da Bündchen, no entanto sempre soube racionalmente que não tinha do que reclamar. Mas isso não me dava a compreensão total dos fatos porque eu nunca tinha vivido isso, eu só fazia aquela masturbação academicista da miséria. Passei longe de ser miserável e ainda assim o tapa na cara foi muito forte.
E mesmo com a cara vermelha e doendo eu não fui capaz de dar a outra face, preferi passar uma base pra encobrir o roxo e fui curtir minha casa nova, cuidar das minhas coisas, voltar meus CDs, livros e porcarias para o lugar ao som de Beatles. Eu sou uma menina de classe média mimada e hipócrita que dá as costas aos grandes problemas da miséria humana e nesse momento tenho vergonha disso, mas sei que provavelmente agirei da mesma forma da próxima vez (e você também).
Enquanto tirava tudo das caixas para arrumar as coisas divaguei por outro pensamento interessante, bem menos relevante para o mundo, mas muito relevante pra minha psicologia de quintal: eu me tornei exatamente o que admirava na infância.
Explico. Quando era pequena eu entrava no quarto das meninas mais velhas e ficava babando naquele monte de caixinhas, bijuterias, coisinhas, porta-jóias, portas-isso, portas- aquilo. Pois foi exatamente isso que eu sai tirando de uma caixa e da outra e da outra (até chegar nas 3 caixas dos CDs, claro). Impressionante como eu tenho caixinhas e coisinhas, tudo rosinha, azulzinho e lilás. Tudo fofo. No fundo mesmo eu quase moro no quarto da Barbie.
Fico pensando se daqui a 20 anos serei o que admiro nas pessoas de 40 hoje. Fico pensando se daqui a 20 anos serei minha mãe. Pessoa de 40 que admiro muito, mas que não quero ser, pois já vivo com ela. Fico pensando... bom, pensei demais. Melhor voltar para lá que já está tarde e eu ainda tenho um guarda-roupas inteiro pra terminar antes de amanhecer.
PS - Pra quem reconheceu o título e não sabe de onde, amiga Dorothy (ou Doroti, ou Dorote, ou Dorotee, ou Dorotee, ou Dórottee ou qualquer outra grafia que esse nome tenha) disse isso batendo os sapatinhos para poder voltar pra casa no final de o "Mágico de Oz", filme que, aliás, eu revi esses dias com o áudio de The Wall (Pink Floyd)...

 

Fá!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!





Puxação de saco rasgada e descarada pelo meu amigo querido por ele ser tão brilhante, competente e fantástico.

Ali em cima um mostra do mais recente passatempo do rapaz.


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