segunda-feira, junho 04, 2007

 

Segunda

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Havia esquecido o caminho de casa. Já há muito não reparava nas mudanças sutis que o tempo imprimia à paisagem. A árvore que cai, o botão que se abre, a casa que desde, o arranha-céu que sobe. Nunca mais escrevera uma carta, nunca mais lera um livro, nunca mais fora a banca comprar uma revista de música, nunca mais assistira as crianças no parque, ou tomara um sorvete. O som do violino, antes agradável e relaxante, agora a despertava irritada do transe.
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Havia se tornado incapaz de amar a si mesma, incapaz de viver intensamente. Aleijada de alma, coração, cores, sons. Privada do vento e do toque. Enclausurada, longe da brisa morna das manhãs de Janeiro, sem sentir a terra ir molhando ao longe no final de março, nem a rasgante secura e amargor de agosto. Amaro, amargo, seco já eram seu habitual não mais uma pequena estação.
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Apesar de ainda respirar já há muito não se podia dizer que vivia. Era apenas uma formalidade, um pequeno detalhe que precisava ser resolvido. Uma pequeno detalhe que ela resolveu, nascendo ao contrário, num lindo por do sol ao som dos pássaros.
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Comments:
Tem uma música do Erasmo (olha a referência), chamada "26 anos de vida normal", que tem um trecho q fala: "Hoje meu nome li no edital: morreu em vida, lendo jornal".


Mas, olha só, a vida é bela, não se esqueça!! hehehe


bjo
 
pior que é bem assim mesmo, sentir, mas n há tempo
 
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